Então posto aqui um cordel de natal e o vídeo que fiz contando ele! Beijocas cordeladas!
O QUARTO REI MAGO
por: Urbano Marino
Três reis lá do Oriente
Iam cortando deserto
A estrela de Belém
Ia ficando mais perto
Iam olhando pro céu
Pra não perder o trajeto
E por só olhar pro céu
Nunca olharem de lado
Não prestaram atenção
Num sujeito disfarçado
Na penumbra escondido
Vinha, também, o diabo
O cão-coxo ia calmo
Com objetivo traçado
Da mãe tomar o menino
Educar mal educado
E do Criador vingar-se
Por ter sido enxotado
Pois lá na cabeça dele
Ter caído lá do céu
Fora imenso vexame
Aquilo não foi papel!
E roubar Jesus menino
Era um mamão com mel
Já bem perto do presépio
Num morrinho agachado
Lúcifer muito esperto
Esperava conformado
A visita dos padrinhos
Num prosear animado
De lá do esconderijo
Calmamente vigiou
Viu de lá brilhar o ouro
Com a mirra enjoou
E na hora do incenso
As ventas Demo tapou
Após muio esperar
A campana compensou
Os reis se foram embora
São José se ausentou
“Deve ter ido no mato.”
Demo, sorrindo, pensou
“Agora é ser ligeiro
Entrar na estrebaria
Engazopar a mulher
Nos braços pegar a cria
Fugir depois pro inferno
Onde tenho primazia!”
Muito besta foi o Demo
Em subestimar Maria
Pois, qualquer mãe que se preze
Para proteger a cria
Está sempre em alerta
Seja noite, seja dia
Maria amamentava
Palmas lá fora ouviu
Na manjedoura deitou
O menino que dormiu
Quando veio atender
Segurou um assobio
Sorrindo, bem amanhado
Com um presente na mão
A cabeça coroada
Fivela no cinturão
Vinha ele travestido
De rei d’alguma nação
“Boa tarde, o que deseja?”
Mãe Rainha perguntou
“Perdão, cheguei atrasado.”
O falso rei explicou
“Faço também, este mimo
Ao menino que chegou!”
“Sou demais agradecida
Pela consideração
Mas para entrar aqui
Só com autorização
De José, o meu esposo,
Que já foi ganhar o pão
Nos visite outro dia
Em outra ocasião
Teremos muito prazer
Com sua visitação
Agora me dê licença
Pois vou pra arrumação.”
Por ser sujeito tinhoso
Dianho não desistiu
Fantasia e presente
Foram jogados no rio
Enquanto ele cismava
Buscando outro ardil
Arrumação pra Maria
Era limpar o lugar
Que ela interrompia
Pra do menino cuidar
Tava trocando cueiros
Quando viu alguém entrar
Mal pôde conter o riso
Frente tal aparição
Com peninhas de galinha
Grudadas em seu gibão
Na fantasia de anjo
Assim proclamou o cão:
“Não temais frágil mulher
Sua missão é cumprida,
De agora em diante
A criança é requerida
É uma ordem divina
Não deve ser discutida!”
A mãe então, descobriu
Toda aquela patacoada
Agarrou-se ao menino
E chamou a bicharada:
“Valei-me filhos de Deus!
Já matei a charada,
O canalha Belzebu
Que só semeia desgraça
Quer me roubar Jesus
E dar fim à nossa raça
Na guerra contra o mau
Todos agora são praça!”
O galo obediente
Cantou como general
E pra dar um bom exemplo
Foi logo sentando pau
O capeta acuado
Tentou fugir do curral
Mas aí já era tarde
A vaca o atropelou
O bode deu cabeçada
O carneiro imitou
Diabo piscou um olho
Jumento escoiceou
Veio gato do deserto
Unhou a cara do cão
Um cachorro vira-lata
Fez aquele barulhão
Mas na hora de morder
Foi para trás dum mourão
O malho parou num repente
A bicharada cansou
Roto e estropiado
Belzebu se levantou
A vaca deu um suspiro
De novo atropelou
O galo foi pro puleiro
Pois cumpriu sua missão
Gato ia ocupado
Em limpar a própria mão
O burro, mesmo cansado
Pisava sem compaixão
Maria aproximou-se
Mandou párar a função
Pisando-lhe a cabeça
Ordenou sem mansidão
“Vá de retro Satanás
E não torne aqui mais, não!”
Trinta anos mais um pouco
Só pra recuperação
O diabo ficou velho
E Jesus um rapagão
Reencontro no deserto
No dia da tentação
O diabo com dinheiro
Jesus cheio de razão
Passearam pelo mundo
Tudo isso em visão...
Isso é outra história
Pra outra ocasião!
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