Filó

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A contadora de "verso"

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CORDEL DE NATAL

Ochente, como o ano passou depressa meu povo! O Natal já tá chegando aí, o povo todo já tá emperequetando as casas (aquele carnaval danado!rsrs) e quem quiser encher a pança de Panettone até o rabo ficar erguido já pode, porque os mercado já tão tudo cheio dos bolo véio de caixa!
Então posto aqui um cordel de natal e o vídeo que fiz contando ele! Beijocas cordeladas!

O QUARTO REI MAGO



por: Urbano Marino



Três reis lá do Oriente

Iam cortando deserto

A estrela de Belém

Ia ficando mais perto

Iam olhando pro céu

Pra não perder o trajeto



E por só olhar pro céu

Nunca olharem de lado

Não prestaram atenção

Num sujeito disfarçado

Na penumbra escondido

Vinha, também, o diabo



O cão-coxo ia calmo

Com objetivo traçado

Da mãe tomar o menino

Educar mal educado

E do Criador vingar-se

Por ter sido enxotado



Pois lá na cabeça dele

Ter caído lá do céu

Fora imenso vexame

Aquilo não foi papel!

E roubar Jesus menino

Era um mamão com mel



Já bem perto do presépio

Num morrinho agachado

Lúcifer muito esperto

Esperava conformado

A visita dos padrinhos

Num prosear animado



De lá do esconderijo

Calmamente vigiou

Viu de lá brilhar o ouro

Com a mirra enjoou

E na hora do incenso

As ventas Demo tapou



Após muio esperar

A campana compensou

Os reis se foram embora

São José se ausentou

“Deve ter ido no mato.”

Demo, sorrindo, pensou



“Agora é ser ligeiro

Entrar na estrebaria

Engazopar a mulher

Nos braços pegar a cria

Fugir depois pro inferno

Onde tenho primazia!”



Muito besta foi o Demo

Em subestimar Maria

Pois, qualquer mãe que se preze

Para proteger a cria

Está sempre em alerta

Seja noite, seja dia



Maria amamentava

Palmas lá fora ouviu

Na manjedoura deitou

O menino que dormiu

Quando veio atender

Segurou um assobio



Sorrindo, bem amanhado

Com um presente na mão

A cabeça coroada

Fivela no cinturão

Vinha ele travestido

De rei d’alguma nação



“Boa tarde, o que deseja?”

Mãe Rainha perguntou

“Perdão, cheguei atrasado.”

O falso rei explicou

“Faço também, este mimo

Ao menino que chegou!”



“Sou demais agradecida

Pela consideração

Mas para entrar aqui

Só com autorização

De José, o meu esposo,

Que já foi ganhar o pão



Nos visite outro dia

Em outra ocasião

Teremos muito prazer

Com sua visitação

Agora me dê licença

Pois vou pra arrumação.”



Por ser sujeito tinhoso

Dianho não desistiu

Fantasia e presente

Foram jogados no rio

Enquanto ele cismava

Buscando outro ardil



Arrumação pra Maria

Era limpar o lugar

Que ela interrompia

Pra do menino cuidar

Tava trocando cueiros

Quando viu alguém entrar



Mal pôde conter o riso

Frente tal aparição

Com peninhas de galinha

Grudadas em seu gibão

Na fantasia de anjo

Assim proclamou o cão:



“Não temais frágil mulher

Sua missão é cumprida,

De agora em diante

A criança é requerida

É uma ordem divina

Não deve ser discutida!”



A mãe então, descobriu

Toda aquela patacoada

Agarrou-se ao menino

E chamou a bicharada:

“Valei-me filhos de Deus!

Já matei a charada,



O canalha Belzebu

Que só semeia desgraça

Quer me roubar Jesus

E dar fim à nossa raça

Na guerra contra o mau

Todos agora são praça!”



O galo obediente

Cantou como general

E pra dar um bom exemplo

Foi logo sentando pau

O capeta acuado

Tentou fugir do curral



Mas aí já era tarde

A vaca o atropelou

O bode deu cabeçada

O carneiro imitou

Diabo piscou um olho

Jumento escoiceou



Veio gato do deserto

Unhou a cara do cão

Um cachorro vira-lata

Fez aquele barulhão

Mas na hora de morder

Foi para trás dum mourão



O malho parou num repente

A bicharada cansou

Roto e estropiado

Belzebu se levantou

A vaca deu um suspiro

De novo atropelou



O galo foi pro puleiro

Pois cumpriu sua missão

Gato ia ocupado

Em limpar a própria mão

O burro, mesmo cansado

Pisava sem compaixão



Maria aproximou-se

Mandou párar a função

Pisando-lhe a cabeça

Ordenou sem mansidão

“Vá de retro Satanás

E não torne aqui mais, não!”



Trinta anos mais um pouco

Só pra recuperação

O diabo ficou velho

E Jesus um rapagão

Reencontro no deserto

No dia da tentação



O diabo com dinheiro

Jesus cheio de razão

Passearam pelo mundo

Tudo isso em visão...

Isso é outra história

Pra outra ocasião!

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